Os treinamentos são ministrados e a equipe de mapeamento de fluxo de valor começa a receber as primeiras instruções. Enquanto termos como takt time, lead time e agregação de valor começam a ser discutidos e assimilados, os primeiros eventos de 5S são realizados. O tão esperado Dia D chega e um mutirão (ou força-tarefa, como gostamos de chamar) percorre toda a fábrica buscando itens que possam ser descartados. A gestão se assusta com o volume de recursos que estava espalhado sem gerar valor. Todos se sentem orgulhosos ao contabilizar os primeiros resultados e a onda de organização e limpeza segue adiante. Quadros de gestão à vista continuam a ser instalados. Máquinas e paredes pintadas.
A fábrica está bonita. O escritório organizado.
Mas, tempos depois, uma análise mais criteriosa demonstra que a energia investida para manter tudo limpo aumenta a cada semana. O custo com organização e limpeza foi elevado e começa a ficar desconfortável a justificativa de que é um pré-requisito para a mudança... Os elaborados sistemas de análise de problema não tiveram impacto na eficiência global. Problemas continuam sem causa-raiz identificada e tratada. Há inconsistência nos check lists de manutenção e as rotinas administrativas não foram otimizadas.
O cenário acima não é incomum. Muitas vezes, confundimos uma “empresa clean” com uma empresa lean. Uma empresa lean é mais do que limpeza e organização. O compromisso com a busca e eliminação de desperdícios é muito mais profundo. Para seguir com segurança a jornada lean, é importante que haja uma profunda preocupação de que os conceitos de melhoria sejam realmente compreendidos pela força de trabalho.
A filosofia de negócio e gestão precisa ser lean para que o processo de mudança seja real e efetivo. Para que cada colaborador compreenda o quanto precisa mudar sua atitude, uma persistente ação para assimilação dos sete desperdícios precisa ser empreendida até que a melhoria contínua comece a se transformar em um valor da companhia. Geralmente, as soluções simples e de baixo custo trazem mais resultado e geram mais valor.
O impacto que o lean manufacturing teve no mundo é evidente, mas se confundirmos uma “empresa clean” com uma empresa lean, corremos um sério risco de que a equipe de trabalho e os patrocinadores comecem a pensar que é mais uma moda e assim, podemos perder o estado de prontidão e o senso de urgência necessários para que a companhia reduza os desperdícios e aumente sua competitividade.
Cuidado com o "clean manufacturing".
Cuidado com o "clean manufacturing".
Nenhum comentário:
Postar um comentário